Contratar médicos em Portugal – Entre a escassez e o desafio da retenção

Num setor tão vital como o da saúde, garantir médicos suficientes para responder às necessidades da população deveria ser uma prioridade indiscutível. No entanto, na prática, a contratação de médicos em Portugal tem vindo a tornar-se um desafio cada vez mais complexo – tanto no setor público como no privado.
Marta Gomes, Business Manager da Knower Care

Uma escassez real ou apenas má distribuição?

Embora Portugal forme um número considerável de médicos todos os anos, a sua distribuição está longe de ser equilibrada. A maioria concentra-se nos grandes centros urbanos, deixando zonas do interior e mais periféricas com sérias carências de profissionais.
Além disso, o défice é especialmente grave em determinadas especialidades como Anestesiologia, Obstetrícia ou Pediatria, que exigem elevada disponibilidade, trabalho em contexto hospitalar e grande responsabilidade clínica.

Curiosamente, mesmo em zonas centrais do país – onde não faltam profissionais – é cada vez mais difícil recrutar médicos para o Serviço Nacional de Saúde, porque a maioria trabalha no setor privado. A forte presença de unidades privadas nessas regiões faz com que muitos médicos optem por condições contratuais mais atrativas, horários flexíveis e maior autonomia, tornando o setor público menos competitivo.

Os principais obstáculos no recrutamento

Contratar médicos vai muito além da simples publicação de uma vaga. Os processos no setor público são, muitas vezes, morosos e burocráticos. A exigência de concursos, o numero limitado de posições e a falta de agilidade nas decisões tornam difícil responder rapidamente a necessidades urgentes.

No setor privado, apesar da maior flexibilidade, as exigências dos profissionais são cada vez mais específicas. Muitos médicos procuram horários compatíveis com a vida pessoal, modelos de trabalho híbridos, autonomia na prática clínica e projetos com propósito. A nova geração de médicos valoriza, o equilíbrio entre a carreira e o bem-estar.

A minha experiência na linha da frente

Enquanto Business Manager na área da saúde, na Knower Care, tenho acompanhado de perto esta realidade. Um dos maiores desafios que enfrento diariamente é conciliar a urgência dos nossos clientes – Hospitais, clínicas, unidades de saúde – com as expectativas e motivações de cada profissional.

Recebemos pedidos para colocar médicos com prazos apertados, em locais muitas vezes pouco atrativos e com condições contratuais que nem sempre refletem o esforço exigido. Por outro lado, conheço profissionais altamente competentes, disponíveis para colaborar – desde que encontrem reconhecimentos, flexibilidade e apoio.

É aqui que o papel da mediação se torna essencial: escutar, compreender, ajustar e criar pontes.

O papel do Outsourcing e da intermediação

Na Knower Care, assumimos um papel ativo na mediação entre profissionais e instituições, encurtando distâncias e promovendo soluções eficazes. Ao agilizarmos a colocação de profissionais, adaptarmos propostas às expectativas de ambas as partes e garantirmos acompanhamento contínuo, conseguimos encurtas distâncias e facilitar soluções.

Mas não basta preencher vagas. É preciso criar relações de confiança, ouvir verdadeiramente os profissionais de saúde e trabalhar lado a lado com as instituições para garantir equipas motivadas e estáveis.

Inovação e visão: as vídeoconsultas como exemplo

Nesse sentido, a Knower Care tem procurado estar na linha da frente da inovação.

Fomos pioneiros na implementação de projetos de vídeoconsultas, antecipando a necessidade de digitalização dos cuidados de saúde e o seu impacto positivo no Serviço Nacional de Saúde. Acreditámos, desde o início, que este modelo seria bem acolhido pelos médicos e traria ganhos reais de eficiência, acessibilidade e continuidade de cuidados.

Atualmente, dedico parte do meu trabalho à apresentação deste projeto a potenciais parceiros, promovendo soluções que aproximam tecnologia, profissionais e utentes – com impacto direto na qualidade e rapidez dos cuidados prestados.

E agora, para onde vamos?

É urgente repensar a estratégia de captação e retenção de médicos em Portugal.

Precisamos de criar incentivos para a fixação em zonas mais carenciadas, melhorar as condições de trabalho e escutar quem está no terreno. A aposta na valorização da profissão médica não pode ser apenas retórica – tem de ser prática e sentida.

Na Knower Care, continuamos a assumir o compromisso de ser um parceiro de soluções, sempre com uma abordagem humana, transparente e orientada para resultados.

Se queremos garantir um sistema de saúde robusto e resiliente, temos de começar pelas pessoas. Porque sem médicos, não há cuidados. E sem cuidado, não há saúde.

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