Cibersegurança em Portugal: Desafios e soluções para o futuro

Vivemos num mundo cada vez mais ligado ao digital de uma forma constante e intensa. Proteger os nossos sistemas, redes e dados tornou-se uma prioridade inegociável. Em Portugal, os ciberataques estão a crescer de forma preocupante e revelam fragilidades que não podemos ignorar. Neste artigo, analisamos os principais riscos, os desafios que enfrentamos hoje e partilhamos soluções concretas, tecnológicas, estratégicas e humanas, que podem ajudar a garantir um futuro digital mais seguro para todos.
Laura Coruche, Senior Business Development da Knower Tech

A importância crescente da cibersegurança

A tecnologia está no centro de tudo o que fazemos. Desde navegar nas redes sociais, naquele pequeno momento de lazer, a consultar o email na azáfama do dia a dia no trabalho, até aos serviços de saúde ou mesmo em serviços públicos e bancários. Esta dependência crescente da esfera digital traz consigo um novo tipo de ameaça: os ciberataques. Em 2025, a cibersegurança já não é apenas um tema técnico — é uma questão estratégica, que exige ação coordenada, investimento e literacia digital e que depende de todos nós.

Em Portugal, o cenário é particularmente desafiante. De acordo com dados recentes, o país registou mais de 9.000 incidentes cibernéticos nos últimos 21 meses, tornando-se um dos três países mais afetados da Europa.

Estes números não são apenas estatísticos, representam empresas paradas, dados roubados e cidadãos vulneráveis.

As principais ameaças em território nacional

O panorama da cibersegurança em Portugal tem vindo a agravar-se. Entre os ataques mais frequentes, destacam-se três grandes ameaças:

  • Phishing – tentativas de roubo de credenciais e dados bancários através de emails ou mensagens falsas;
  • Ransomware – bloqueio de sistemas e exigência de pagamento para recuperar o acesso;
  • Engenharia social – manipulação psicológica dos utilizadores para aceder a informações sensíveis.

Segundo o relatório “Riscos e Conflitos 2024” do Observatório de Cibersegurança (CNCS), a engenharia social está entre as cinco principais ameaças digitais em Portugal.

E o mais preocupante destes ciberataques?

Muitas vezes, os ataques bem-sucedidos não resultam de falhas tecnológicas, mas sim de pequenas distrações humanas: um clique num link suspeito, uma resposta apressada a um e-mail aparentemente inocente,..

Quatro grandes desafios à escala global

Num mundo como o de atualmente, ligado à tecnologia e ao digital, os desafios para além de constantes, não são exclusivos, isto é, os constrangimentos não dependem apenas de nós, ou do nosso país, dependem de todos e além-fronteiras.

Entre os principais desafios globais, destacam-se quatro grandes tendências:

  1. Ataques cada vez mais sofisticados
    Tecnologias como deepfakes, malware com IA e ataques dirigidos a infraestruturas críticas estão a tornar-se comuns.
  2. Conflitos geopolíticos crescentes
    A ciberespionagem e os ataques patrocinados por Estados representam riscos sérios para a estabilidade digital.
  3. Inteligência artificial: o lado bom e o lado perigoso
    A IA é uma aliada poderosa na deteção e resposta a ameaças, mas também está a ser usada por hackers para criar ataques mais eficazes e difíceis de detetar.
  4. Falta de profissionais qualificados
    A escassez de talento em cibersegurança é uma vulnerabilidade global. Empresas e governos enfrentam dificuldades em recrutar e reter especialistas nesta área.

Segundo o Global Cybersecurity Outlook 2025, do Fórum Económico Mundial, 91% das organizações admitem que podem ser vítimas de um ataque significativo nos próximos dois anos, mas apenas 33% acreditam estar preparadas para responder eficazmente.

Como podemos construir um futuro digital mais seguro?

Apesar dos riscos e das ameaças constantes, o futuro da cibersegurança também traz esperança, desde que haja estratégia, colaboração e tecnologia bem aplicada.

Aqui estão algumas soluções para construir uma defesa digital mais eficaz:

Adotar o modelo Zero Trust
Neste modelo, nada nem ninguém é confiável por defeito. Cada pedido de acesso deve ser validado, seja interno ou externo.
Ao restringir acessos ao estritamente necessário e ao verificar tudo, reduz-se drasticamente a margem para intrusões.

Usar inteligência artificial para defesa proativa
A IA e o machine learning estão a revolucionar a forma como protegemos sistemas:
• Detetam anomalias em tempo real;
• Automatizam respostas a incidentes, ganhando tempo precioso;
• Analisam padrões de comportamento de utilizadores, antecipando possíveis ameaças.

Alinhar com a legislação europeia
As diretivas NIS2 e DORA vêm elevar os padrões de cibersegurança, especialmente nos setores mais críticos como finanças, saúde e transportes.
Estar em conformidade não é apenas uma obrigação legal — é uma vantagem competitiva.

Formação contínua e cultura de segurança
A tecnologia protege, mas são as pessoas que a utilizam.
Investir na formação regular das equipas, fazer simulações de ataques e envolver todos os departamentos é essencial para criar uma cultura de cibersegurança sólida e duradoura.

A cibersegurança é, hoje, um pilar fundamental da confiança digital. O cenário português revela riscos, mas também oportunidades concretas de evolução. Ao adotar novas tecnologias, reforçar a formação e alinhar-se com regulamentações europeias, é possível construir uma defesa robusta para enfrentar os desafios do futuro.

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